segunda-feira, 21 de maio de 2012

TUDO QUE MARC JACOBS E MIUCCIA PRADA TOCAM VIRA OURO


O sucesso dos dois estilistas que conquistaram o mundo.

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Unidos pelo ofício, pela paixão pela arte, pelo sucesso sem precedentes e pela inicial de seu nome, Miuccia Prada e Marc Jacobs talvez sejam os maiores expoentes da atualidade quando se trata de criar moda, construir imagens e, claro, despertar desejos. Juntos, têm mais de 600 lojas ao redor do globo (no Brasil, são duas de Marc Jacobs, em parceria com a empresária Natalie Klein, e também duas da Prada, que se prepara para inaugurar o segundo ponto, no Shopping Iguatemi JK, em São Paulo). Jacobs, além de criar para a marca que leva seu nome, desenha uma segunda linha, mais pop, a Marc by Marc Jacobs, e, desde 1997, é diretor criativo da casa francesa Louis Vuitton. Miuccia está à frente da Prada e da Miu Miu, de pegada mais descolada, inspirada no seu próprio closet.
Não é fácil determinar as raízes do sucesso de um criador. O que é preciso para transformar talento criativo e visão estética única em louros na passarela e ouro no banco? Ter um parceiro que seja um ás nos negócios e que dê a eles licença para criar certamente é parte da equação. Nesse quesito, nenhum dos dois está sozinho. Ambos têm homens fortes a seu lado. No caso de Miuccia, a parceria excede os limites profissionais, já que é casada com Patrizio Bertelli, diretor executivo do grupo Prada. O homem forte da vida de Marc é Robert Duffy, que propôs sociedade a Marc ainda no desfile de formatura do jovem estilista, na prestigiosa Parsons School of Design. Ele se apaixonou por três suéteres tricotados a mão pela avó de Jacobs e, desde então, a parceria nos negócios soma 28 anos.
M de Miuccia
Miuccia Prada, ou Maria Bianchi Prada, PhD em ciências políticas e ex-membro do Partido Comunista, assumiu com certa relutância um posto ao lado de sua mãe nos negócios da família, nos anos 1970. A Fratelli Prada, marca de acessórios de luxo – leia-se bolsas, malas, chapéus e sapatos de couro –, havia sido criada por seu avô, Mario Prada, em 1913. Em 1977, Miuccia casou-se com Bertelli, que também já tinha se aventurado na própria marca de couro. Em 1978, a senhora Prada, como é chamada por todos na fábrica, pegou de vez as rédeas da empresa, que contabilizava na época vendas anuais de 450 mil dólares. Hoje, estima-se que o faturamento esteja na casa dos 2 bilhões de euros por ano.
M de Marc
Marc Jacobs nasceu em Nova York, em 1963, e, algum tempo depois da morte de seu pai, foi morar com a avó paterna, assumidamente uma de suas maiores influências. Em 1984, aos 21 anos, se formou na Parsons School of Design e recebeu duas das mais altas honrarias da escola: o Design Student of the Year e o Chester Weinberg Gold Timble Award, além, é claro, de encantar o jovem executivo Robert Duffy, com sua coleção de graduação. Os dois se associaram imediatamente. Aos 24 anos, Marc se transformou no mais jovem estilista a receber o prêmio Perry Ellis para um Jovem Talento, do CFDA (Council of Fashion Designers of America).
Dois anos depois, Duffy e Jacobs assumiram a marca Perry Ellis. Foi lá que Marc fez o desfile que nenhum fashionista vai esquecer: o da coleção grunge. Marc, então um estilista gorducho e de visual geek, colocou na passarela a estética de roqueiros como Kurt Cobain e Eddie Vedder, com camisas de flanela xadrez. Só que, em vez de flanela, Marc usou seda pura estampada. Cinco anos mais tarde, Jacobs assumiu a direção criativa da Louis Vuitton.
Desde então, o estilista realizou parcerias estrondosas com artis- tas como Stephen Sprousee Richard Prince, feitos que alavancaram o faturamento da Louis Vuitton para cerca de 5 bilhões de dólares ao ano. Nesse período, Marc enfrentou duas internações para se livrar das drogas e do álcool e se transformou num sex symbol tatuado.
Mas por quê?
A pergunta que não quer calar é por que tudo que eles criam é tão diferente do resto? E, mesmo sendo às vezes uma roupa difícil, todo mundo fatalmente quer. Para a consultora de moda e empresária Costanza Pascolato, a resposta está na arte. Segundo Costanza, “Miuccia, mais do que Marc até, é intimamente ligada às artes. Ela é uma intelectual”.
Miuccia é mesmo uma entusiasta do mundo das artes. Desde 1995, sua empresa mantém a Fondazione Prada, em Milão, um espaço que, além de servir de museu para a coleção particular da estilista, recebe exposições de arte contemporânea. Tanto Miuccia como Marc estimulam a proximidade e o diálogo com artistas. Mais do que isso, alimentam-se criativamente dessa proximidade.
Costanza lembra ainda que o fato de Miuccia ser uma feminista tem um peso muito grande em seu trabalho. “Suas coleções revisitam as décadas de 1920, 40, 60 e 70, que foram períodos históricos de demonstração de força da mulher”, conclui. A empresária Natalie Klein também aposta na arte como uma das chaves do segredo de Marc Jacobs. “Ele tem uma ligação muito forte com a arte contemporânea, o cinema e a fotografia. E consegue misturar essas referências com sua pegada streetwear”, argumenta.
Tufi Duek, empresário e estilista, chama a atenção para outro fator na fórmula M. “Acho que o segredo de ambos está na consistência do trabalho, coerente como discurso. A inovação e a provocação de repensar a moda são constantes nos desfiles que apresentam.”

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